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Segurando as pontas - 5 de junho de 2015

Nesta semana tomamos um susto. Na segunda-feira ficamos sabendo que o fechamento desta edição que o senhor ou a senhora estão lendo, passaria de quinta para quarta. E não tínhamos um linha sequer escrita. Deu crise de produção, essa coisa que todos dizem quando falta criatividade. Daí veio a notícia que a impressão passaria para quinta. Tudo começou do zero, de novo, num misto de loucura e desespero. 

Por sorte, contamos com as assessorias de imprensa, tanto da prefeitura, quanto na Câmara de Vereadores. Os talentosos Samuel Madeira e Antônio da Luz salvaram minha vida. Obrigado garotos!

Com eles, a minha desatenção foi corrigida. No dia a dia, no seu emprego, colégio, em casa mesmo, sem a cobertura de outra pessoa, os erros acabam se multiplicando. Por isso, não há como trabalharmos sozinhos. Sempre precisamos de uma sombra amiga, para nos socorrer em tempos sombrios. 

Você se acha único e insubstituível? Esqueça. Todos estamos interligados, dependendo um do outro. Não há como construirmos pontes com apenas um lado, senão caímos no rio. Assim sendo, é preciso viver sempre com a intensão de ajudar, de prestar aquela força indispensável.

Se alguém ocupou o espaço que você deixou e este gesto salvou a sua pele, esteja pronto para se prestar ao auxílio também. A recíproca, neste caso, é necessária. Caso contrário, leitor, você se transforma num pedante intragável.

Tenha certeza, cara leitora, que para cada mão que a senhora estender, outra estará aberta para lhe ajudar. É da natureza humana, se não ter a ciência da ajuda ao próximo, expressar o orgulho ou o egocentrismo para não ficar devendo o favor para outra pessoa. Se não há bondade pura e simples, ao menos há a ajuda necessária.

Talvez, se o coração não está aberto para a ajuda, é porque a pessoa também não tenha recebido aquele empurrãozinho na hora certa. Por isso, caríssimos, temos por obrigação cultivar a bondade gratuita, para que esse fermento da vida em sociedade possa fazer crescer somente o que há de bom em cada um. Mesmo porque o que há de ruim fermenta sozinho...

E você, já foi o salvador do dia de alguém? Ainda há tempo, basta tentar.

 

A força da amizade  - 22 de maio de 2015

 

Bom... leitor e leitora, eu sempre achei que as amizades não fizessem tanta falta na vida. Que engano. Depois de um tempo só trabalhando, deixando as coisas de lado, começo a sentir falta dos meus amigos e amigas. Das conversas, das caipirinhas, dos desabafos, coisas que a gente só sente falta depois que não tem mais. 

 

Tenho poucos, mas ótimos amigos. Deles, jamais vou me desfazer. Consegui juntá-los nos ao longo dos anos e, muitos deles, já faz muito tempo que não vejo. Muitos já tem filhos, que eu nunca vi, por pura preguiça. Outros já mudaram de cidade, jurei que ia fazer aquela visita de domingo e, até agora, nada. Isso me deixa muito triste, mas enfim, a gente assume compromissos que acaba nunca cumprindo. 

Na verdade, só sentimos falta quando não temos mais. Por isso, a verdadeira amizade sempre é testada nesses momentos, quando a distância é maior que a vontade de se reencontrar. Se você, leitor e leitora, tiver amigos de verdade, faça de tudo para cultiva-los. Não deixe de prestar atenção quando ele pedir, de emprestar o ombro quando ele precisar, de guardar aquele segredo que ele confiou. A força de uma amizade é sempre colocada à prova e basta um escorregão para que toda a confiança desabe. 

 

Antes que alguém pense que estou desabafando porque fiz besteira, espere um pouco. Na verdade, acho que esse texto é mais um pedido de desculpas pela falta desses anos com todos meus amigos. Espero que eles leiam, ao menos...

 

A verdadeira amizade é nosso porto seguro, assim como a família é. Falar de amizades é cair num poço de clichês, mas é preciso. A intensão não é só escrever o que você já está farto de ouvir, mas, para que essa leitura seja um espacinho de reflexão. Pense como estão seus amigos, fale com eles, peça desculpa se precisar. 

 

A dose perfeita da amizade é posta em prova nos momentos mais difíceis, por isso, precisamos estar dispostos e disponíveis, para quando nosso amigo precisar. 

 

A força de uma amizade, por ironia do destino, é medida quando ela é perdida ou ferida.

 

Falta um pouco de otimismo - 15/05/2015
Depois de quase dois meses rodando a cidade, chegou a hora de recebermos menos elogios e mais críticas. Isso é natural em toda a novidade que deixa de ser novidade. Lutamos para trazer algo novo, mais aprofundado, informações com relevância, e coisas da nossa terra (nossa, porque já me inclui em LM).
Das críticas que recebemos, algumas são importantíssimas, pois nos fazem melhorar. Outras são só críticas mesmo, sem muita coisa para acrescentar.
Bom, o que pretendo dizer é que vivemos num tempo sombrio. As relações entre as pessoas é de pura desconfiança. É não é para menos, com tanta violência, roubos, problemas econômicos e um monte de coisa. O que não vejo mais, como via há vinte, vinte cinco anos, mais ou menos, é que as pessoas deixaram de ser otimistas.
Não o otimista tanso, que acredita que tudo vai melhorar sem tirar a mão do bolso, mas aquele que levantava da cama e, mesmo que o Armagedon estivesse batendo na janela, não deixava de acreditar em si, nos outros e no futuro. Hoje, por pouca coisa, deixa-se a espada cair e dá-se a batalha por perdida.
Em poucos olhos vejo a fagulha cintilante que move o mundo. No lugar dela, uns olhinhos muxoxos, minguados e vidrados em celulares, em um mundo virtual. Em todo o lugar, espera-se pelo pior, sempre. Temos dificuldades, sim, como sempre tivemos e sempre vamos ter. Mas vamos deixar de reclamar e partir para a luta, fazer a diferença, procurar mudar o mundo, mudando a si mesmo primeiro.
Antes que você, caro leitor e leitora, diga que eu sou um bestalhão, peço que me compreenda. Eu vim de baixo, onde tudo é mais difícil e isso não me tornou uma pessoa melhor, mais importante ou um super-herói. Isso só me fez pensar que, antes de chorar pela derrota, é preciso lutar.
A vitória é só um espacinho de tempo feliz até a próxima batalha.

O trabalho nos completa - 30 de abril de 2015
Sou filho de mineiro. Meu pai foi motorista também. Minha mãe sempre trabalhou na lavoura. Posso não ter nascido em Lauro Müller e não ser natural daqui, mas, com certeza, o trabalho me conecta a essa terra. Pela minha família, na minha infância, conheço sem saber, como são muitas famílias deste município.
Meu pai, mineiro andava sete quilômetros a pé, na madrugada, para chegar na boca da mina, sem a certeza que sairia de lá. Imagino você, caro leitor que é filho de mineiro, como se sente. Meu pai foi motorista também. Teve o próprio caminhão, lá no início dos anos 1980. Faz tempo, mas a sensação continua mesma. Ao menos, ele não viajavam para longe, voltando para casa todo final de dia.
Minha mãe trabalhou na roça. Sei que você leitora, que teve mãe que calejou as mãos na enxada, procurou emprego na cidade, porque o sol do verão castiga demais. Minha mãe, assim como muitas outras, quis que eu e minha irmã – meu irmão temporão hoje em dia – tivessemos instrução para fugir das mesmas dificuldades que ela passou. Educação ela deu desde o berço, mas instruir os filhos ficou por conta da escola.  
Assim sendo, leitor e leitora, acabo me conectando à Lauro Müller pelo cerne do trabalho, pela sensação compartilhada por cada filho de mineiro ou agricultora, ou por cada trabalhador desta cidade. No emprego somos inseridos, meio que a contragosto, no mundo moderno. Somos uma família, mas não nos conhecemos ao todo.  
O primeiro de maio está chegando e vai passar. Alguns vão comemorar, afogando as mágoas em festas. Outros vão procurar descanso em casa e tantos outros terão que trabalhar (estou nessa turma...). Sempre penso se o salário é tudo o que o trabalho resulta. Penso que sim, mas, o que vale uma vida de trabalho sem amor ou dedicação? Juro que me arrepia imaginar.
 

A vida nunca valeu tão pouco - 17 de abril de 2015

Hoje em dia, a vida humana vale muito pouco. Com a perda do trato com as pessoas, da educação pura e simples, a vida do próximo não nos representa muita coisa. Cara leitora, caro leitor, quantas vezes ficamos emocionados com a fome em outro país, assistindo o telejornal e jantando ao mesmo tempo? A dor dos outros nos toca, e é só isso, um misto rápido de pena e repulsa.
A vida nunca valeu tão pouco como hoje em dia. Vizinhos resolvem as diferenças um matando o outro. Mães deixam os filhos recém nascidos em caixas de papelão e somem, quando não abandonam em lixeiras. Guerras por qualquer coisa são travadas e pessoas inocentes, que cometeram o único pecado de estar no lugar errado na hora errada, morrem aos milhões. O que nos tornou tão insensíveis?
Bom, daí podemos ficar discutindo isso no resto do jornal que chegaremos a lugar algum. Talvez, num achismo mesmo, a mídia seja culpada disso. Nos últimos 30 anos, a humanidade viveu uma explosão na comunicação de massas. A senhora que assistia o Silvio Santos numa tevezinha de 14 polegadas, preta e branca, hoje assiste aos programas dele no telefone celular. Com essa rapidez e mobilidade, recebemos uma enxurrada de informações, que não conseguimos processar.
Nesse ponto, caro leitor, que nasce o problema. Aos montes, as informações nos chegam e nós as descartamos. Afinal, alguém consegue lembrar de tudo o que viu, leu ou ouviu ontem? Essa marginalização da informação nos torna mais insensíveis, não por culpa, mas por sobrevivência mesmo.
Talvez, de passarmos a nos importar mais com as pessoas, saber das carências sem ser intrusivo, respeitar as diferenças e gostos tornemos a sociedade um pouco menos, digamos, selvagem. Ao que tudo indica, estamos muito longe disso.
Aqui, em Lauro Müller, ainda temos um povo educado e respeitoso. Você até pode se surpreender, cara leitora, mas nesses 30 dias em que estou mais perto dos lauromüllenses, reaprendi a dar “Bom dia”, com gosto e sem obrigação.
Nem tudo está perdido. Basta darmos mais valor a vida dos outros.

Cadê a educação que estava aqui - 10 de abril de 2015

 

Educação não se aprende na escola, como pensamos. Na escola temos instrução, treinamento, capacitação e ganhamos qualidade de vida, pela informação que conseguimos aprender. Ser ou não educado, isso, meu caro leitor, vem do berço, vem de casa.

 

Professor não educa, professor qualifica a criança para a vida em sociedade, mas se ele vai ser bom ou ruim, ai depende de nós.Por onde anda aquela educação de deixar a pessoa com mais idade sentar no ônibus, ajudar quem precisa, dar bom dia sem ser um ato mecânico sem propósito? Não sei. Em que parte da nossa história recente deixamos de fazer isso, e por que deixamos de fazer, são questões que me cutucam. Será que estamos nos tornando insensíveis uns com os outros?Não há coisa mais sem valor, hoje em dia, que a vida humana. É só prestarmos um pouco mais de atenção nos noticiários.

 

O respeito pela vida se vai para as cucuias. A morte é a solução para tudo, já que o respeito e o diálogo perderam de vez o espaço nas relações. Crescemos em uma sociedade em que devemos desconfiar de tudo e todos, e, nas raras vezes que damos um voto de confiança, levamos uma punhalada nas costas.Lembro que tudo o que via e ouvia na TV, quando criança, era como conseguir o que se queria, passando por cima dos outros.

 

Minha geração foi treinada para consumir, pois consumindo éramos descolados, espertos, superiores. Quem tinha o tênis tal ou o brinquedo tal era o máximo. Quem não tinha não entrava no grupo, ficava de escanteio.A saída para tudo isso é bem simples. Temos que aprender a ter respeito pelo próximo, seja no sentido literal que aprendemos na catequese ou no sermão do pastor, respeitar a todos, mesmo que as escolhas que fazem sejam diferente do que pensamos. Precisamos, urgentemente, dar exemplos para nossas crianças, educa-las para a vida e não só treina-las para os outros.A educação que sumiu está ai, dentro de você, esperando para ser usada novamente.

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