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Agricultura Orgânica X Agroecologia - 5 de maio de 2015

Embora muitas pessoas considerem iguais, a agricultura orgânica e a agroecologia possuem muitas diferenças.  Primeiramente a agroecologia é considerada uma ciência em construção, que se baseia no conhecimento tradicional utilizado a séculos pelos agricultores e em experimentos científicos que comprovam ou não estas teorias. 

Dentro da agroecologia estão amparadas todas as formas alternativas de agricultura como a permacultura, agricultura orgânica, agricultura biodinâmica e agricultura natural. Sendo assim, a agroecologia não se limita a substituição de insumos poluentes e métodos de condução intensiva por outros naturais e menos agressivos, mas atinge a raiz dos problemas ambientais e sociais da agricultura. 

O sistema de produção orgânico engloba a priorização pelo uso de insumos disponíveis na propriedade e aplicação de resíduos orgânicos vegetais e animais, visando manter organismos benéficos no meio e aumentar o teor da matéria orgânica no solo. 

Um sistema de agricultura orgânica deve incluir as seguintes práticas agronômicas: fixação biológica de nitrogênio e fósforo, aplicação de pó de rocha, capina mecânica, compostagem, adoção de plantas protetoras, uso de adubos orgânicos como dejetos de produção animal, rotação de culturas e controle biológico de pragas, plantas daninhas e doenças além de extinguir o uso de fertilizantes, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos para alimentação animal, assim como todo tipo de produto sintético que possa causar algum tipo de contaminação ao solo e aos organismos. 

Acerca do favorecimento a adoção do sistema orgânico o estado de Santa Catarina possui particularidades tanto de clima e solo, quanto de organização social (cooperativas, ONGs, associações) que estimulam, buscam consolidar e expandir a agricultura orgânica. Desta forma, a agricultura orgânica constitui uma alternativa interessante para a complementação de renda dos agricultores familiares do município de Lauro Müller e região.

 

Produção de adubo orgânico tipo Bocashi - 22 de maio de 2015

 

Esta semana irei tratar sobre a produção de um adubo orgânico diferenciado chamado Bocashi. Este composto é capaz de melhorar a fertilidade de solos ditos “cansados”, que estão com baixos teores de matéria orgânica em função do cultivo contínuo e do uso de adubos sintéticos. 

 

É indicado principalmente para agricultores que estão buscando converter sua produção ao sistema orgânico. Indico aqui uma receita alternativa com ingredientes de fácil obtenção na região. Este adubo pode ser consumido em hortas familiares ou produzido em maior escala, com base nas proporções descritas, para uso em lavouras ou comercialização. 

Os sacos utilizados para medir a quantidade dos componentes devem ser de 25 kg. 

 

2 sacos de terra

1 saco de casca de arroz

1 saco de pó de serra

1 saco de farelo de arroz

1 saco de esterco seco de aves

1 litro de melado

4,500 kg de cal agrícola

100 gramas de fermento para pão

água

 

Misture todos os componentes em uma superfície seca e coberta sem incidência direta de sol. Adicione água até o ponto em que pressionando a mistura entre os dedos a palma da mão fique úmida sem escorrer água. Revolva a mistura diariamente e em quinze dias o Bocashi estará pronto para o uso. Recomenda-se usar por planta: 125 gramas de composto para tomate, 25 gramas para cebola, 50 gramas para alface, 100 gramas para beterraba e cenoura 100 gramas para hortaliças da família do repolho. 

 

Plantas Repelentes - 15/05/2015
Algumas plantas possuem propriedades repelentes, se configurando como ótimas alternativas para afastar as pragas de hortas. Cito a seguir algumas destas plantas que podem ser cultivadas nas periferias de canteiros com folhosas ou legumes para evitar que sejam atacadas por insetos:
  Alecrim: é capaz de afastar as borbole­tas-da-couve e a mosca-da-cenoura. A sálvia é uma ótima companheira para o alecrim;
 Alho: é uma planta companheira do tomate, pois atua como um repelente para pragas que costumam atacá-lo;
 Capuchinha: Também conhecida popularmente como chagas, flor-do-sangue e agrião-do-méxico, ela repele nematóides que são vermes que sugam a seiva das raízes e transmitem doenças as plantas;
  Citronela: é eficaz contra moscas, mosquitos, entre estes até o mosquito da dengue, e formigas;
  Coentro: é eficiente no controle de pulgões e ácaros que atacam principalmente culturas como o repolho e couve;
  Erva- doce: tem a capacidade de repelir as traças;
  Hortelã: o odor da hortelã repele borboletas (borboleta-da-couve), formigas e ratos;
  Losna: além de possuir odor inseticida, ela afasta animais de sua horta;
  Manjericão: o seu odor muito agradável, ajuda a repelir moscas e mosquitos;
  Sálvia: a erva repele a mariposa do repolho;
 Tagetes: vulgarmente conhecido como cravo-de-defunto, é um ótimo repelente natural de muitos insetos e protege contra os nematóides;
   Tomilho: serve para afastar a borboleta-da-couve.

 

A relação dos agrotóxicos e o câncer - 17 de abril de 2015
No último dia 6 de abril, foi publicado o escrito intitulado “Posicionamento do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva Acerca dos Agrotóxicos (INCA)”, que objetiva registrar a posição da instituição sobre o uso de agrotóxicos no Brasil e mostrar os consequentes riscos à saúde, principalmente as causas do câncer. Assim, busca incentivar ações para diminuir o consumo de pesticidas sintéticos e encorajar produtores a adotarem modelos alternativos de produção de alimentos (sem o uso de agrotóxicos), como os orgânicos ou agroecológicos.


O Brasil é, desde 2009, o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, ultrapassando 1 milhão de toneladas, o que equivale ao consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante. A liberação de sementes transgênicas impulsionou o uso de agrotóxicos, em função de demandarem grande quantidade para cultivo.  A isenção de impostos e a permissão da comercialização de pesticidas proibidos em outros países fortalecem ainda mais a indústria de agroquímicos no Brasil.


Os efeitos das intoxicações agudas ocasionadas por agrotóxicos são conhecidos dos agricultores. Os sintomas são irritação da pele e olhos, coceira, cólicas, vômitos, diarréias, espasmos, dificuldades respiratórias e convulsões podendo levar até a morte. A presença de resíduos de agrotóxicos nos alimentos e no ambiente podem ocasionar intoxicação crônica e afetar a toda a sociedade. Os sintomas mais citados são infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer.


Em março deste ano, a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) publicou estudo no qual classificou o herbicida glifosato (Roundup) e os inseticidas malationa (Malathion 500) e diazinona (Diazinon 600) como prováveis agentes causadores de câncer para humanos.


É necessário lembrar que os resíduos de agrotóxicos estão presentes, também, em alimentos processados. Assim, é incorreto reduzir o consumo de frutas, verduras e legumes em função da preocupação com o câncer, porém, é preciso buscar com agricultores da região, que adotam a produção de base agroecológica, com equilíbrio ecológico, eficiência econômica e justiça social.


O documento sobre a ação dos agrotóxicos no organismo está disponível em  www.inca.gov.br.
 

Dica técnica: Calda Bordalesa - 10 de abril de 2015

A calda bordalesa é um preparado largamente utilizado no controle alternativo de doenças nas culturas de hortaliças e frutíferas (olerícolas). O uso é permitido em agricultura orgânica, por ser considerado tratamento pouco tóxico empregado no manejo de doenças causadas por fungos, bactérias e até para repelir insetos. É importante estar atento a concentração utilizada de acordo com a espécie, o grau de infestação da doença e a fase de crescimento da planta, recomendando-se que se adote menores dosagens em plantas mais jovens e mais sensíveis ao cobre.


Plantas da família das Solanáceas (batata, tomate, pimentão, berinjela, fumo, etc) aceitam concentrações de até 1%, já as Cucurbitáceas (chuchu, abóbora, melancia, pepino) são mais sensíveis ao cobre, podendo-se utilizar a dosagem de apenas 0,15%, e, em alface aplique na concentração de 0,25%. Para a concentração de 1% utilize 100g de sulfato de cobre e 100g de cal virgem para 10 litros de água.


Primeiramente você irá dissolver o sulfato de cobre em 5 litros de água morna e separadamente mistura-se o restante da água ao cal. Derrame a solução de sulfato de cobre dentro do recipiente com o leite de cal e coe a mistura. Para saber se o pH da solução está ideal mergulhe uma faca de aço durante três minutos, quando retirar observe se a faca está com aspecto amarronzado, se isso ocorrer adicione mais cal a mistura. 

 
É importante lembrar que não se deve fazer o preparado em tambores de ferro, latão ou alumínio, pois estes reagem com o sulfato de cobre. Mesmo sendo pouco tóxica aconselha-se a utilização de equipamentos de proteção individual como máscara, luvas e avental impermeável e adverte-se para que se realize a aplicação nas horas com menor incidência solar e umidade relativa de no mínimo 55%.

 

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