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Droga Centenária - 5 de maio de 2015

Leitor e leitora, na coluna desta semana, vou contar um pouquinho da história de um medicamento muito utilizado. Batizada pelo nome comercial de Aspirina há mais de uma século, esta substância é certamente um dos medicamentos mais conhecidos e vendido no planeta, trata-se do ácido acetilsalicílico (AAS). 

 

Contra a febre e a dor de cabeça, os antigos, costumavam fazer chás com infusão das cascas da planta chamada de salgueiro branco, a qual produzia a salicina, que após ser ingerida produzia o ácido salicílico. Apesar de ser um chá simples e eficiente, os efeitos colaterais eram muito intensos e geravam gravíssimos problemas estomacais e hemorragias, devido a elevada acidez.

Muitos químicos trabalharam na formulação desta droga, a fim de baixar a acidez do produto.  A solução veio em 1897 quando um químico da empresa alemã Bayer adicionou acetato na formulação e obteve um derivado do ácido salicílico, o ácido acetilsalicílico, ou seja, a famosa aspirina, registrada internacionalmente em 1906.

 

O interessante, é que o químico autor da descoberta, o alemão Felix Hoffman pesquisava um medicamento para ser usado no tratamento da artrite, doença de seu pai. O objetivo dele era encontrar uma droga para substituir o salicilato de sódio, medicamento usado naquela época, mas que exigia grandes doses diárias e provocava irritação e fortes dores estomacais nos pacientes. Os chefes de Hoffman não aceitaram de imediato substituir o salicilato de sódio pela aspirina. Eles achavam inclusive que o novo medicamento não teria futuro, vê se pode!

 Assim, são méritos dos alemães a invenção da aspirina, do Fusca, e os sete a um na Copa de 2014. Mas, brincadeiras à parte, estudos apontam que aspirina é um anticoagulante do sangue muito poderoso que pode até reduzir o risco de trombose e de derrame cerebral. Auxilia no tratamento do câncer e de outras doenças, mas assim como qualquer outro medicamento deve ser usado com moderação e sob orientação farmacêutica ou médica.

 

Toddy ou Nescau - 22 de maio de 2015

 

Embora o título seja sugestivo, não pretendo abordar qual dos achocolatados em pó é o mais saboroso, afinal, gosto não se discute... Mas, como essas duas marcas são as mais famosas e mais consumidas, servirão como parâmetro para demonstrar o uso de um aditivo químico amplamente utilizado pela indústria alimentícia.

 

O Toddy está no mercado a mais de oitenta anos e tem muitos fãs, mas também a quem reclame muito pela dificuldade que este achocolatado tem para se dissolver no leite. Pode parecer brincadeira, mas alguns estudos feitos pela marca constataram que o fato do pó não se misturar direito no leite espantou muitos consumidores do produto. Quanto ao fato de se dissolver no leite o Nescau sempre levou vantagem, pois desde seu surgimento manteve esta característica.

 

No caso do Toddy, a difícil dissolução tinha haver com a falta do uso da lecitina de soja, enquanto que o Nescau já tinha esse segredinho na formulação. 

 

A lecitina é um fosfolipídeo presente na gema do ovo, mas também pode ser tirada da soja para ser usada como emulsificante em alimentos. É um aditivo químico conhecido como tensoativo ou surfactante que tem afinidade com líquidos e gorduras ao mesmo tempo. 

No achocolatado, a lecitina de soja tem a função de fazer a perfeita homogeneização entre o pó e leite, além de estabilizar a gordura do chocolate, evitando a separação de fases. Ainda cabe a lecitina de soja proporcionar antiaderência (evitar grumos no copo), além de distribuir o melhor o aroma.

 

Atualmente o Toddy já possui lecitina de soja em sua formulação, mas certamente em concentração muito baixa, pois durante o seu preparo persiste a formação das bolhas de pó de chocolate que teimam em não se dispersar. 

Estudos apontam que a concentração ideal de lecitina de soja pode variar em até 0,4 gramas para 100 gramas de achocolatado. Não é possível detectar sem uma análise detalhada de laboratório a quantidade de lecitina de soja que o Toddy ou o Nescau apresentam, já que as marcas não contam seu segredo, mas o fato é que a diferença entre ambos existe e persiste há décadas.

 

A Reação de Maillard - 15/05/2015
Olá caro leitor e cara leitora, mais uma vez estou aqui para mostrar um pouco mais sobre como a química está presente no nosso dia a dia e em nós mesmos fazendo girar a engrenagem da vida e do mundo. Sei que para muitos a química é um bicho de sete cabeças (às vezes eu também acho que é), mas se você é inquieto e procura saber o porquê das coisas ou dos fenômenos, deixe-se levar pelo estudo da química e encontre muitas respostas.
Hoje o assunto é dar da agua na boca, e tenho certeza que todos já provaram dessa reação química, mas nem se deram conta. Então, relembre aquela carne ou frango assado com aquela coloração dourada em cima...aquele dourado que indica que o alimento já está no ponto. Trata-se da reação química de Maillard, responsável pela tom corado e o cheirinho inconfundível de carne assada e de pão recém saído do forno.
A reação de Maillard ocorre nos alimentos que combinam açúcares redutores e amidos com proteínas e aminoácidos sob alta temperatura. Assim, os aminoácidos e açúcares dão início a uma serie de reações que resultam na formação final daquela camada coradinha sobre o alimento frito, assado, grelhado ou cozido, além é claro, do saboroso aroma.
Desde a descoberta do fogo sabemos que submeter o alimento a altas temperaturas provoca o seu escurecimento tornando-o mais saboroso. No caso do pão assado principalmente o pão doce, sabemos que vai açúcar, leite, farinha, ovos e outros componentes que resultam naturalmente na reação de Maillard, mas esta reação também pode ser induzida quando pincelamos melado no frango ou a gema de ovo no empadão, resultando naquele dourado espetacular.
É importante não deixar que reação de Maillard passe do ponto, que é quando o alimento tosta demais e ocasiona a perda das proteínas, por isso, fique de olho no seu experimento.

Parabenos,para o bem e para o mal - 30 de abril de 2015
Leitor e leitora, hoje vou tratar de um assunto que divide opiniões no meio científico e que está diretamente ligado aos nossos hábitos de higiene e beleza. Trata-se dos parabenos, que são conservantes ou preservantes de produtos cosméticos que tem gerado polêmica devido as suspeitas relacionadas ao aparecimento do câncer.


Se você reparar nos rótulos, encontrará na maioria das formulações cosméticas de loções, cremes para o corpo e desodorantes, nomes como metilparabeno, propil parabeno, e alquil parahidroxibenzoato. Estes são os parabenos mais adicionados às fórmulas dos produtos cosméticos, como a finalidade de impedir o desenvolvimento de microrganismos, aumentar a vida útil e manter o bom aspecto do produto final. A adição desses preservantes está diretamente ligada ao prazo de validade dos mesmos.


A polêmica em torno do assunto se dá devido ao fato de análises feitas em tecidos retirados de pacientes com câncer de mama revelarem a presença de parabenos, o que sugere a correlação entre os produtos de uso cosmético, principalmente o desodorante antitranspirante com o aparecimento da doença.


Alguns especialistas chegaram a esta conclusão pelo fato de que os conservantes parabenos possuem ação estrogênica, isto é, bagunçam o sistema endócrino favorecendo o crescimento da linhagem celular cancerígena do tecido mamário. Isto porque as formulações de cosméticos, loções, cremes para o corpo, desodorantes e perfumes tendem a favorecer a absorção de parabenos através da pele, onde o acúmulo desse substância no organismo viria a causar câncer.


Já outros estudiosos do assunto veem a correlação entre os parabenos e o câncer como sendo inconclusivas, salientando que as doses dos conservantes adicionados nos produtos cosméticos respeitam os padrões estabelecidos que é de 0,4 a 0,8 % na formulação, manten­do-se dentro do limite de segurança.
Para casos como esses, tão complexos é preciso ter cautela, procurando não abusar do uso dos produtos cosméticos, reservando sempre que possível momentos de liberdade para a pele, onde ela possa “respirar” livre de qualquer substância. A incidência de câncer em nossa sociedade é cada vez mais notável e alarmante, por isso, é indispensável o estudo e a pesquisa sobre as coisas que usamos, comemos e bebemos.

 

Shampoo, com ou sem sal? - 17 de abril de 2015


O shampoo é um item cosmético amplamente utilizado, afinal, os cabelos tem um papel importante na apresentação pessoal e mantê-los limpos é fundamental para a manutenção da higiene pessoal. Por isso, tem-se a disposição uma infinidade de produtos das mais variadas marcas que prometem um verdadeiro tratamento de beleza aos fios.


Nesse seguimento, o shampoo sem sal tem sido recomendado para cabelos quimicamente tratados. A discussão a respeito do uso com ou sem sal já não é tão recente, mas, mesmo assim ainda causa dúvidas aos consumidores.  Comercialmente, o shampoo sem sal é aquele que não possui cloreto de sódio (NaCl). Mas afinal, o sal presente no shampoo pode realmente danificar os cabelos quimicamente tratados? E ainda, existe shampoo sem sal?


Para que você entenda, o cloreto de sódio presente no shampoo é o mesmo sal de cozinha que utilizamos para temperar os alimentos. Mas, na formulação do shampoo, o sal cloreto de sódio age como espessante, com a função de aumentar a viscosidade do produto. No frasco, o cloreto se sódio não representa mais que 1% do produto e se dissolve durante o banho.


O fabricante até pode retirar o sal do shampoo e substituir por outro regulador de viscosidade mais elaborado, com funções superiores que tragam mais benefícios aos fios, mas ainda assim o shampoo terá sal, pois o lauril éter sulfato de sódio, que é o sal responsável pela limpeza do couro cabeludo, precisa existir no composto. Sem ele o cabelo não fica limpo.


Não existem dados que comprovem que o sal presente no shampoo danifique as madeixas tratadas quimicamente, e, um shampoo pode até não ter o cloreto de sódio, mas terá outros tipos de sais indispensáveis, ou seja, não existe shampoo sem sal. Por isso, leitor e leitora, é preciso estar atento aos rótulos dos produtos e entender que a principal e real finalidade do shampoo é remover as sujeiras do couro cabeludo. É para isso que ele serve basicamente.

 

A química do chulé - 10 de abril de 2015


O nosso corpo é um laboratório ambulante onde acontecem inúmeras reações químicas que nos mantém vivos e podem ser benéficas ou indesejáveis. Um exemplo de reação indesejável que acontece nos pés é a bromidrose.  Palavra de origem grega bromus que quer dizer mau cheiro e hidros significa água, ou seja, água com mau cheiro (nós pés), tradução: o famoso chulé.
  Suar os pés é muito comum já que nossos pés têm ao todo cerca de quinhentas mil glândulas sudoríparas. O suor em si não tem cheiro ruim, pois é composto de água e sais que o organismo elimina, mas, apesar de não ser possível ver a olho nu, os nossos pés são a morada de muitas colônias de bactérias que se proliferam muito mais com o uso de sapato fechado.


 Assim o suor dos pés em contato com o calçado fornece um ambiente quentinho, úmido, escuro e ideal para as bactérias que ali habitam, alimentando-se dos pedacinhos de pele morta e do suor acumulado. Após o banquete, as bactérias liberam compostos químicos como o ácido valérico responsáveis por aquele fedorzinho.


E você leitor e leitora, já percebeu a semelhança entre o cheiro de chulé com o cheiro de queijo? Bom não é para menos, pois algumas bactérias benéficas presentes e indispensáveis para a produção de queijos, também liberam ácidos carboxílicos como o ácido valérico.


Através das raízes de uma planta chamada Valeriana, é possível obter o ácido valérico que tem efeito sedativo e hipnótico, o chulé não chega a tanto, mas é muito desconfortável para quem tem e para quem sente.
Até o momento não existe cura para o chulé, mas, o uso de produtos que tenham estearato de zinco, ácido bórico e benzoico como os talcos antissépticos ajudam a inibir a ação das bactérias, assim como o revezamento no uso dos pares de calçados permitem que o sapato seque bem antes de ser usado novamente e evite exalar aquele cheirinho desagradável.

 

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