O campo está ficando para trás
- osemanariolm
- 9 de mai. de 2015
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A porteira, que antes era a extrema com o mundo, hoje está fechada com corrente e cadeado. Por ela, poucas pessoas passam. A casa, atrás desta porteira, que antes via gerações e gerações nascerem e morrerem, hoje tem uma sombra de saudade, atrás da porta trancada. Esta cena está ficando comum nos bairros do interior de Lauro Müller. As famílias que antes povoavam sítios e enchiam as estradas do interior aos domingos de festa, hoje estão indo para o centro, em busca de uma vida mais tranquila.
No Rio da Vaca, há 12 anos, haviam 22 famílias. Hoje são apenas nove, segundo dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Pelas contas do Dízimo da Igreja Católica, são 14 famílias que restam, num levantamento otimista. Segundo o extensionista da Epagri em Lauro Müller, Paulo César Freiberger, a evasão rural no município segue duas corrente. A primeira são os filhos, que vivenciando a dificuldades enfrentadas na agricultura, procuram na cidade o alento contra isso. A segunda corrente são dos pais, que estão ficando idosos e a distância entre o interior e o centro se torna uma dificuldade ainda maior.
Outro fator que está reduzindo as famílias no campo são as baixas taxas de natalidade que vem sendo registradas. Em 1970, a taxa de fecundidade das mulheres brasileiras era de 4,7 filhos. Em 2010 esse número caiu para 1,8 filhos. Segundo Freiberger, sem descendeste para continuar a linhagem de agricultores, muitos pais acabam indo para o Centro ou bairros mais urbanizados. Em Lauro Müller, as propriedades são de pequeno porte, outro fator que dificulta a permanência na lavoura. Com menos terra para plantar, menos retorno há. Segundo dados da Epagri, LM se destaca na produção de fumo, bovinocultura (corte e leite) e criação de aves e suínos, essa atividade mais agrupada na região do Rio Capivaras Alto. As demais culturas acabam sendo de subsistência, com pouca ou nenhuma venda em quantidade.
Os que ainda resistem no campo se apoiam na tranquilidade dos sítios frente ao movimento das cidades. É o caso da agricultora Vera Maria Simplício Bez Batti, do Rio da Vaca. Vera, que também é professora aposentada, diz que não troca o interior por nada. “Vivo aqui desde 1976. Já morei em Cocal do Sul, mas não me adaptei”, conta ela.
O retorno ou permanência na lavoura, de acordo com Freiberger, está aliado às linhas de crédito para produtores rurais, feitos pelos governos federal e estadual. “Com eles, os jovens estão investindo na modernização e estão tendo retorno com as propriedades”, diz o extensionista.
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